QGIS 3: O Geoprocesso Dissolve e os Erros de Edição em Dados Abertos

A necessidade de estudar a fundo os processos de Geoprocessamento é um preocupação que devemos carregar durante a nossa carreira profissional. Fica claro para cada um de nós que o objetivo do Geoprocessamento não consiste em produzir mapas em sequência, mas sim compreender de forma clara e objetiva o núcleo do Geoprocessamento, ou seja, a complexidade que envolve as técnicas que são aplicadas em inúmeros fenômenos espaciais.

Na publicação anterior, nós apresentamos o inventário da Agência Nacional de Águas (ANA) que contém mais de 35 mil estações hidrometeorológicas que monitoram o clima em toda América Latina. A imagem abaixo reflete o nosso cenário atual, porém, precisamos executar outras análises espaciais a partir destes dados.

35 mil estações hidrometeorológicas sobre a América Latina

Para manter as estações de medição da precipitação enquadradas no limite do país ou em determinada região, é preciso romper as fronteiras entre as Unidades da Federação para gerar uma máscara vetorial do Brasil. Para concluir essa atividade, precisamos de uma máscara dos limites do Brasil, que pode ser gerada pela combinação de todos os estados.

É aqui que entra o problema da maioria dos utilizadores da ferramenta SIG: a pouca ou inexistente experiência ou capacidade para avaliação dos dados espaciais.

Para gerar a máscara do Brasil, devemos utilizar a ferramenta Dissolve, porém, no decorrer do trabalho, eventuais inconsistências poderão surgir e você precisa estar pronto para solucioná-las sempre que necessário. Esta é a percepção que um analista de Geoprocessamento deve possuir para que o mesmo possa ter condições de acompanhar o seu próprio desenvolvimento profissional.

Preparando os dados

O limite do Brasil que será utilizado é o mesmo Shapefile que usamos no tutorial sobre Cálculo da Distância de entre Pontos. Acesse o link e baixe o arquivo se necessário.

Como o limite do nosso país é composto por 26 Unidades da federação somadas ao Distrito Federal, nosso plano consiste em romper as fronteiras internas de cada popígono com o intuito de manter o contorno no formato do país.  Os passos abaixo podem apontar um direcionamento para essa finalidade.

Criação de um Novo Campo na Tabela

Para gerar a máscara, o geoprocesso Dissolve precisa de um atributo em comum para remover as fronteiras que delimitam cada estado. Siga os passos abaixo:

1 – Você deve habilitar o Modo de Edição e Criar um Novo Campo na Tabela:

2 – Crie um Campo de Texto chamado “Pais” com comprimento 10 para armazenar a palavra “Brasil”:

4 – O novo campo foi criado e precisa ser preenchido com o atributo comum para os estados do Brasil:

Essa informação deve ser acrescentada na tabela através do Modo Multiedição.

Trabalhando com o Modo Multiedição

Este recurso permite alterar vários campos simultaneamente, o que faz sentido somente quando há atributos em comum para todos os campos na tabela.  Para utilizá-lo corretamente, selecione todas as linhas e colunas da Tabela de Atributos. Essa seleção é prática se você pressionar a ferramenta apropriada:

Clique nesta ferramenta para ter acesso ao Modo Multiedição:

Modifique o campo com a informação desejada. Em nosso caso, digitar a palavra “Brasil” no campo Pais foi suficiente. Siga o roteiro abaixo:

Salve as alterações e saia da edição. Clique no ícone indicado na imagem abaixo para restaurar a visibilidade padrão da tabela.

A edição pelo mecanismo de formulário é muito útil para muitas aplicações. Com o campo em comum criado, podemos remover as fronteiras do Shapefile.

QGIS 3: Geoprocesso Dissolve por Atributo

Chegou o momento de romper as barreiras entre as feições com base na coluna Pais. Use o Geoprocesso do SAGA GIS denominado Polygon Dissolve (by attribute):

Este processo funciona pela definição dos seguintes parâmetros: indicar a camada desejada [1], selecionar o campo responsável pela remoção das barreiras [2] e desmarcar a opção Manter Fronteiras Interiores que provavelmente pretende preservar as barreiras [3].  Por último Indique um local para o novo Shapefile [4] e execute o processo [5].

O geoprocesso Dissolve do SAGA GIS levou exatos 27 s para remover as fronteiras entre as Unidades da Federação. O processo foi executado no meu notebook Intel Core i5 de 4ª Geração com 8 GB de RAM. O geoprocesso Dissolve nativo, ou seja,  do próprio QGIS, não logrou êxito e ficou sendo executado eternamente.

Este é o limite do país com as fronteiras removidas:

Controle de Qualidade

Sempre faça a validação dos dados espaciais, independente da fonte de aquisição dos dados. Após a execução do processo, tenha o hábito de estabelecer o antes e o depois. Para o dado utilizado, a saber, a Base Cartográfica BC250 de autoria do IBGE, foram identificadas algumas imperfeições provenientes da edição. Alguns erros chegam a ser grosseiros, como o vasto espaçamento entre os limites do Acre e Amazonas, uma falha na validação dos dados espaciais cujo projeto foi encomendado pelo IBGE para o ano de 2017.

Como remover as imperfeições ou resíduos das bordas? O caminho para eliminar essas falhas é a validação topológica.

Correção entre Geometrias

Clique no menu Complementos – Gerenciar e Instalar Complementos. No grupo dos complementos instalados, marque o recurso Checar Geometria para que possamos corrigir os erros topológicos dos dados espaciais.

Por razões desconhecidas, haverá dois elementos denominados Geometrias no menu Vetor. Usaremos a opção em destaque em outra oportunidade para tentar corrigir os erros topológicos provenientes da edição vetorial:

Considerações Gerais

Um dos fatores que devem estar ao alcance do analista é a compreensão dos processos de Geoprocessamento. Neste exercício, ficou claro que os planos futuros para essa máscara do Brasil podem ser considerados frustrados devido ao grande número de problemas provenientes do vetor original. Assim sendo, para construir o ambiente favorável para a automatização dos processos, é preciso garantir o bom funcionamento dos dados de base. Se os analistas em Geo e mesmo as entidades que mapeiam o nosso território não desenvolverem mecanismos necessários para auditoria e tratamento dos dados que são disponibilizados para o grande público, certamente correremos o risco de visualizar a qualidade do trabalho ser reduzida ano após ano. Assim, não há como falar sobre automatização de processos se ainda enfrentarmos problemas com os dados que deveriam funcionar plenamente.

Da parte das instituições, eu acredito que as mesmas estão trabalhando em prol da qualidade. Da parte do usuário (a nossa parte), sempre será necessário entender a correlação entre o processo de Geo e o resultado esperado sem mencionar a habilidade para lidar com os imprevistos que surgem cada projeto de mapeamento.


Informações

Instrutor GIS é o site de consultoria do Geógrafo Jorge Santos.
Jorge Santos é Instrutor de Geotecnologias, Produtor de Conteúdo Geo, Técnico em Geoprocessamento, Analista em Geoprocessamento e Designer Gráfico com mais de dez anos de experiência.

Contatos

  • WhatsApp: (61) 99616-5665
  • Skype: jorgepsantos2002
  • E-mail: jorgepsantos@instrutorgis.com.br

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